Num povoado distante no alto sertão do Nordeste, a seca a castigar os torrões daqueles lugarejos distantes, aguá mesmo só indo em busca por caminhar vários quilômetros. Diariamente a uma valente senhora, na hora marcada para aquele itinerário saia de sua casinha com 2 potes de barro e uma espécie de cajado para ajudar a trazê-los de volta, de uma forma à equilibrar o peso sobre os ombros.
Nós somos 75% água, o planeta é 70% água, tudo que flui, hidrata e floresce precisa de água. Assim como a única coisa indispensável naquela casa, a água valia todo aquele esforço desgastante diariamente por tê-la. Os seus 2 vasos, artigos fomentadores dessa dádiva, eram companheiros de longa data da senhora.
Há muitos anos eles a acompanhavam nessa labuta, um ainda se conservava inteiro só a cor havia mudado com tantos anos de uso, esse sempre caminhava no ombro direito da mulher, algum lodo e arranhões pela superfície; já o outro havia se rachado de uma extremidade a outra em uma queda, quando a senhora subia um barranco com eles cheio de água sobre os ombros através do cajado, e era colocado sempre no ombro esquerdo.
Já fazia meses que o próprio vaso havia se notando com a rachadura e assim sua inutilidade. Ele vinha vasando por entre a falha e chegava praticamente sem água ao destino. Mesmo com tristeza e humilhado se perguntava o porque da sua dona não o abandonar no quintal e procurar um vaso novo e sem rachaduras que pudesse trazer a água para casa. Não havia sentindo em andar quilômetros em sol a pino para chegar só com metade da água que precisava em casa. Dia a pós dia essa perguntava se repetia no vaso, e sem resultado por mais especulações fizesse resmungando não chegava a uma resposta que o convencesse.
Em um dia em que o sol estava por demasiado quente, durante a volta para casa o vaso resolveu perguntar diretamente para a senhora o porque daquela insistência com ele.
- Senhora, há meses não entendo uma coisa. Eu me rachei de uma ponta a outra, não consigo mais reservar a água que andamos tanto e com tanto sacrifício para levar à casa. Porque a senhora ainda insiste em ficar comigo? Ainda insiste em fazer de mim o instrumento?
A senhora parou o colocou no chão, juntamente com o outro vaso, e virou-se para trás.
- Olhe para todo o lado esquerdo do caminho que traçamos todos os dias! Eles agora tem flores lindas, que encantam, colorem e me fazem bem por entre tanta dificuldade. Graças a sua rachadura elas poderam florescer para encantar o meu caminho, sua gotas que caem todos os dias nelas é que as matem vivas. Não me importo em chegar em casa com metade do que deveria levar, pois o perfume e cor das flores pelo caminho é que me dão ânimo de seguir em frente!
Nós não somos perfeitos, nunca seremos. Mas somos responsáveis por fazer florescer flores nos outros!
(P.S. Você me encanta, me colore e me faz bem. Nas minhas faces e no meu coração florescem um jardim).
Dinha Gonçalves
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