
Por fim achou melhor apenas colocar o cabelo de lado, e jogou o broche em cima da antiga penteadeira de madre-pérola, presente de quinze anos de sua bisavó: "Você agora é uma bela moça. Precisa de uma penteadeira para se enfeitar." Desceu as escadas sobre os sapatos quase novos, fazendo barulho na madeira, resmungou algo como "Deveria ter colocado os de sempre, detesto esse barulho..."
Na sala em volta do piano, na varanda, ao pé da escada, nas janelas, as mesmas pessoas de sempre. Os mesmos cavalheiros acompanhados de suas senhoras, as mesmas senhoras acompanhadas (algumas) de suas damas de companhia, as mesmas conversas vazias e sem graça, o preço do café, a crise que se aproxima, a libertação do escravizados que se faz fato consumado. E à olhar a lua de quarto crescente naquela noite, ao pé da janela do lado esquerdo da porta principal... ELE!
As pupilas dela se delataram como se fosse ofuscada por grande emoção, boa ou péssima. Bradou silenciosamente para si - "E eu ainda tinha esperanças de ao menos a noite ser tragável o suficiente para que não me recolha quinze minutos após esse exato agora..."
(Continua...)
(Continua...)
Dinha Gonçalves
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