quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um ciclo




Nando Reis: lembranças de um ano atrás. Mudei tanto! Será a idade? Serão os tempos?

Independente dos meses, dos longos anos, do que foi e do que é. Trarei sim, como sempre, o seu souvenir da minha próxima viagem.
A caneca para o café, vício-adjetivo seu.

O bom é que restou alguma coisa, que ainda não entendemos. E que também não tem mais pretensão nenhuma de se transformar em outra coisa. Apenas, agora é assim.
O assim de "no final era isso."

Chegamos no final do livro. E como tivéssemos mergulhado na história, sabemos bem o que ela proporcionou. Viajamos no sonhado, um sonho de dois.
Foi tudo vivido demais. As saudades angustiantes, as vontades alucinadoras, o amor sorrido e chorado, a espera longa adiada e prolongada, por isso acabou.
Com a propriedade do fim, fechou-se um ciclo.

Escutei por demais a música que você era aos meus ouvidos. Na minha FM só tocava você. Hoje, conheço de cor, mas já não me remete a nada. Uma melodia saudosa! 
Acho que saudade foi uma constante de algo que nunca aconteceu. Como se ter saudade de algo não vivido? Viver de saudades do que poderia ter sido e não foi!
Quando veio a ser, já não servia mais.

Assim como os produtos perecíveis, as paixões tem um prazo de validade. Se não usar, mofa, estraga e perece. E se fica um gosto de morangos mofados verdes, na boca.
Do que se restou aquele 'todo'? Ficou um nada, com lembranças. Findou-se um ciclo.
E tudo que se fecha porque chegou ao fim, não volta mais. Não existe 'mais' para se voltar.

Voltarei com o souvenir nas mãos, um cartão por onde passei, um sorriso aberto, e um carinho a quem a gente dedica a importância que já teve.

Ciclos me esperam para serem abertos. Novos! Coloridos! Com cheiro de roupa limpa!
Com o pé direito abro a porta do novo...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Nãos e Sins


O que mais incomoda é não ter quem você quer que te ouça, que te diga que vai passar, que vai dar certo, quem te faça crer no que você precisa acreditar.
Não ter a ligação atendida, não ter a mensagem respondida, não ter a atenção notada, não ter o amor visto...  São vários tantos 'nãos'.

E enquanto eu me encho de 'nãos', alguém vem e me dá um 'sim'... faz tanto a tal da diferença. Enquanto espero esse 'sim', fico surda para os outros 'com certeza'.
Insistentemente continuo querendo o seu 'sim', a sua ligação, a sua mensagem, a sua voz, os seus olhos, o seu sorriso... mas relutantemente recebo outros, que não são os 'seus' nãos.

Decepção após erro, emburrecemos no mesmo defeito: depois que perdemos é que vamos notar o quanto éramos ricos do que nos era ofertado...
Não deixe que isso passe, não deixe que morra, não deixe que se perca... agarre antes de você mesmo extingui-lo.
A felicidade é líquida, escorre por entre nossos dedos... não me deixe escorrer por entre a sua vida, não me veja desaguar em outra foz. Valorize!!!

Será que todos os dias amores da vida caem do céu, como em chuvas de verão?
Ou alguém mergulha nos seus olhos e diz que quer te dar AMOR?
Difícil resposta?
Duvido!
Difícil é achar um X na questão de equação do 2º grau com matriz inversa em números primos!
Enxerga que a vida é agora, e a felicidade não espera e o que o Amor pode ir embora!

sábado, 11 de junho de 2011

Líquido, Sólido e Gasoso


Volúveis como água! Podemos ser tanto quanto. E nos fazermos em mais de três estados, do que o líquido, sólido e gasoso.

O amor é líquido, já disse Bauman. A felicidade também deve ser, escorre por entre nossos dedos sempre que a tentamos prender, não deixá-la ir embora.

Sólido mesmo é a dor que sufoca o coração, é a saudade que deixa marcas roxas pelo corpo,é o tropeção de uma decepção, é o amargo sólido de uma ilusão.

Gasoso é o estado que não se vê, é o sorriso que disfarça o óbvio, são as reticências que vão pelo ar como balões, é o cheiro da paixão no ambiente.

Nos fazemos em tais tantos estados transitórios entre esses... há um momento que quase é sólido, depois de ser líquido e se mostrar gasoso.
E o que fica dos momentos? Qual a parte sólida que levamos para depois? Na ordem antes de ser o gasoso precisa ser líquido, mas o líquido pode levar ao sólido e o sólido pode levar ao líquido.

Impasse! 

Querer o sólido aprisionado na sua forma ou o líquido que não se pode prender? Ah... ainda tem o gasoso, que não se vê, que não se toca que só se sente!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cacos


Catar os cacos e pedaços de mim lançados ao vento que não encontram o destinatário diariamente... dá uma cansaço que chega nas noites frias.

Penetrar no que está sendo é coragem.

Sempre me achei destemida, mas corajosa ainda não havia me descoberto. Coragem é uma qualidade perigosa!

Ser corajosa todos os dias, sem se deixar desistir pelo doloroso. Me sinto toda dolorida, como se vinhesse de uma caminhada à dias, em um sol escaldante, talvez a procura de um poço para matar a sede e seguir viagem. O destino? O destino é aonde se chegar!

E quem me massageia a alma nessa hora de cansaço do coração? A solidão vem me pentear as mágoas... mais uma noite. Chega tão íntima da casa, como se a frequentasse com liberdade, mexe em tudo, se apropria dos pensamentos, reorganiza a sala dos afetos, enfeita a penteadeira aonde dispõe os souvenir dos sorrisos...
Me faz a companhia, a confidente, a amiga.

Amiga solidão de cacos estilhaçados pelo chão!

Dinha Gonçalves

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sinais










Não há quem mais entenda de esperas demoradas e longos silêncios como aqueles que entendem os sinais. Sinais de fogo e sinais de fumaça. Sinais de trânsito dizendo: PARE! ESPERE! SIGA! Sinais de vírgulas numa frase, sinais de falta de palavras, sinais biológicos, sinais do coração. Sinais que não vem, sinais que não chegam, sinais que não são sinais.

Para quem espera, todos os não sinais e os também sinais, acabam sendo sinais. Se o telefone toca, antes que você possa ver quem liga seu sorriso dá sinais de quem você queria que fosse. Se as frases soltas pelo ar querem dizer algo, seu sorriso dá sinais. Se o olhos veem o que os faz brilhar, suas pernas, mãos e sistema nervoso dão sinais. Se chega-se perto, o coração dá sinais, dispara, se faz bailarino no peito, quer sair por algum lugar para abraçar, pular nos braços de alguém que as vezes não dá sinais de que deseja recebê-lo.

Bonita essas coisas dos sinais. E idiota. E inútil. Para que tantos sinais de fogo transmitindo mensagens a distância para solidões aflitas? Se são só sinais. O que se pode fazer com eles... Vê-los? A semi-ótica vê o que estamos atentos para enxergar. Senti-los? Sentimos o que desejamos nos fazer bem. Tocá-los? Impossíveis, são só sinais. E entendê-los? Difícil demais. Entender sinais é difícil por demais.
E se perguntar se eles realmente são sinais, nos deixam desinalizados. Os meus sinais sei bem quais são, quem são, por onde vão! De todas as formas os meus sinais vão vagar pelo céu até encontrar você.

O que ele diz? Diz que estou dando sinais que você desperta sinais em mim.

Dinha Gonçalves