Sem pessoas, bichos ou coisas. Eu e minha acompanhada solidão. Ando cansada de tantos eus, incluindo o meu.
Antoine de Sant-Exupéry eternizou nas mentes das crianças jovens e velhas aquele sábio principezinho loiro que sabia ver elefantes dentro de estômagos de jibóias. Coisa esquisita hoje onde não vemos o nítido, quem dirá o refletido.
Mas voltando para o meu terreno em Marte, acho que não levarei nada em especial, lembrarei do principezinho e viajarei com uma cadeira talvez. Também não levarei a minha rosa, tão amada, com aqueles idênticos espinhos a do livro. Uhhhhh, e como acha que pode se proteger de tudo ao mostrar eles bem afiados.
Sentarei sozinha e contemplarei inúmeros pôres-do-sol, com o planeta Terra à palma mão. Deixarei as pessoas ocas e vazias como numa lembrança de uma paisagem desagradável. Me sentirei menos culpada, por estar sozinha na solidão e não sozinha em meio à multidão. Me aliviarei de não esperar nada de ninguém, assim tudo que acontecer será uma surpresa. Ficarei com as lembranças, só as boas. Reviverei todas. Exalarei por Marte o cheiro de mofo dos sentimentos tão bem guardados, úmidos, doces, ácidos. Me entristecerei o quanto meu orgulho pedir, sem julgamentos nem possibilidades de condenações. Ah e como aproveitarei tudo que o nada tem a me oferecer. Marte será o meu pedaço de mim que ninguém alcança, o mergulho no escuro do desconhecido palpável. Estou a contar as horas para minha viagem, sem malas nem passagem.
De súbito, o despertador do celular alarmou. Hora de ligar o piloto automático da vida real.
Dinha Gonçalves
as vezes nossa melhor companhia somos nós mesmo, porem niguem é feliz sozinho...enquanto isso a vida segue. adoreiii seu post:)
ResponderExcluirAiii a felicidade! A caçada felicidade! As vezes acho que somos a caça e ela, a felicidade, a caçadora.
ResponderExcluirLendo agora, bem depois que postei o texto, amei! rs
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