terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Não é covardia

Nem pense que é covardia, já foi um dia.


É o não querer que você veja o que mais você me causa.

É não deixar você ouvir por ai, que eu estava gritando pelos bares, e derramando de mesa em mesa minha dor.... 
chorando junto com a chuva para as águas se disfarçarem.
É não te mostrar minhas olheiras de noites sem dormir para ficar acordada nos teus sonhos.
É deixar você pensar que sempre teve razão e que eu estrago tudo.
Que sou uma burra e sou foda.
É não querer te mostrar que ando por aí tão inteira que escondo meus pedaços, minhas marcas, as nossas quedas.

É não querer ver seu olhar que me engana, me faz crer, me faz sorrir... desaparecer.


Deixo você, na sua fina inteligencia, se achar a suprema côrte do saber e do julgar de nós dois.
Achar que pode sempre saber meus passos em direção a você, interromper o caminho e me deixar sem norte no meio do vendaval do seu desprezo.


Melhor esperar, sozinha no quarto, dormir e acordar, pra ver você voltar. Esperar te encontrar, assim num desses encontros casuais, que a vida programa quando nem você, nem eu suportamos mais nos esconder, trocar caminhos e desviar rotas.
Melhor esperar o telefone vibrar você em casa a pensar em nós.
Esperar a falta dos dengos ser mais forte do que o orgulho de admitir.
Melhor esperar a colisão.
Manter minha sobriedade nos dias tão normais, não tentar o suicídio, não expor meus vazios.

Melhor deixar o tempo passar, quebrando uns pratos até você chegar.


Não pense que é covardia.

Edna Gonçalves

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