sexta-feira, 25 de março de 2011

Paixão - Simone

Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar
Ser feliz é tudo que se quer
Ah! Esse maldito fecho eclair
De repente a gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar
Depois do terceiro ou quarto copo
Tudo que vier eu topo
Tudo que vier, vem bem 

Quando bebo perco o juízo
Não me responsabilizo
Nem por mim, nem por ninguém
Não quero ficar na tua vida 
Como uma paixão mal resolvida 
Dessas que a gente tem ciúme 

E se encharca de perfume 
Faz que tenta se matar 

Vou ficar até o fim do dia 
Decorando tua Geografia






E essa aventura em carne e osso 
Deixa marcas no pescoço 
Faz a gente levitar 
Tens um não sei que de paraíso 
E o corpo mais preciso 
Do que o mais lindo dos mortais 
Tens uma beleza infinita 
E a boca mais bonita 
Que a minha já tocou.

Cansaço

A enxaqueca gritava latente na sua fronte. Depois de um dia exaustivo de trabalho, hora e horas ligada na tomada que faz a engrenagem da vida trabalhar, ela soltou uma frase como se falasse para si mesmo: "Meu trabalho quase sempre me salva, mas no dia em que ele teima em me matar, estou morto."


Dinha Gonçalves

quinta-feira, 10 de março de 2011

Hermético

De volta as nossas coisinhas miúdas e sentidas nos deparamos com os pedaços que compõem a nossa tão particular atmosfera. Ufa!! Enfim junto aos meus! As minhas tão bem revividas vontades! Lindas!

Junto de novo aos meus restos e partes gastas do uso falido. Ao redor o tão comum guardado entre tantas fechaduras, deixo se desdobrar em frente aos meus olhos e deslizar pelos meus dedos calejados. Glórias íntimas e humilhantes essas, de desfrutar o tudo de si sozinho, que foi feito para o outro. Querendo o infinito particular pequenino e gigante para cair de braços abertos, tirar todas as exaustivas máscaras e fantasias cotidianas e se deixar ser o que se é, e sentir o que se sente. E só. E não muito. E não tanto.


E fechamos os olhos como se num encantamento, e o feliz Vinicius no seu lugar Mais-que-perfeito embala: "Ah, quem me dera ir-me contigo agora a um horizonte firme, comum. Embora amar-te..."
Ah um lugar além de tudo tão visto, esse lugar onde nós seríamos permitidos, e nos mostrar e abrir e escancarar. No fundo da descrença tão sem a criança chamada esperança dorme acordado o desejo de não ter que se esconder.

Como dizia o poeta: "Por que a vida só se dá para quem se deu. Para quem chorou, para quem sofreu..."
E eu digo: " Porque a vida só se mostra para quem nada guarda."

E todos nós nos guardamos!


Dinha Gonçalves